A igreja de São Sebastião do Sítio Logradouro, foi construída pela família Macário no ano de 1959. Os filhos de Sebastião Macário das Neves (José Sebastião dos Santos, Otaciano Sebastião dos Santos, Manoel Sebastião dos Santos, Cincinato Sebastião dos Santos, Luiz Sebastião dos Santos (Tio Luiz Macário), Pedro Sebastião dos Santos (meu avô, pai do meu pai), Rogaciano Sebastião dos Santos (Tio Roga), Maria Macário dos Santos ( primeira esposa de Janjão Macário), Francisca Macário dos Santos (mãe de Zé Maria Macário), Celina Macário dos Santos, Adelaide Macário dos Santos e Amara Macário dos Santos (esposa de Tibúrcio) resolveram construir essa igreja, para realizarem suas orações e novenas no mês de maio, mas especialmente por que nesse local foi sepultado seu pai, Sebastião Macário das Neves, que em seus últimos momentos de vida teria pedido aos filhos para ser sepultado nesse local. Logo após seu sepultamento, os filhos iniciaram a construção da igreja que seria inaugurada em janeiro de 1960 (imagem abaixo), com o batizado do meu pai, Sebastião Macário Neto.
Desde então a sua esposa Quitéria Francisca das Dores, que criara meu pai, seguiu realizando as orações do terço no mês de maio até os últimos dias de sua vida em 1974. Essa tradição da novena do mês de maio, se mantém até hoje, sob a liderança de Inês Josefa dos Santos, sua nora, esposa de Luiz Sebastião dos Santos (Tio Luiz Macário).
Meu pai (Sebastião Macário Neto) nos
contou que, poucos dias antes de falecer, sua vó, Quitéria Francisca das Dores,
falou para ele que queria ser sepultada no mesmo local do esposo, desejo que
foi atendido por seus filhos, após o relato do meu pai. Hoje dentro dessa
igreja encontra-se o túmulo do casal Sebastião Macário das Neves e Quitéria
Francisca das Dores, estes, foram os responsáveis pela estadia e
desenvolvimento da família Macário no Sítio Logradouro e Sítio Saguim, ambos no
município de Tupanatinga.
A
TRAJETÓRIA DA FAMÍLIA MACÁRIO
A
família Macario vivia entre os Sítios Melancia, Tamanduá, Salobro, Barracas,
Cantinho, entre outras localidades, nas zonas rurais dos municípios de Lajedo e
Canhotinho no Agreste Meridional do Estado de Pernambuco, onde viviam da
agricultura de subsistência, plantando especialmente milho, feijão e mandioca.
Sebastião Macário das Neves era um
dos (14) quatorze filhos de Macário José das Neves e Maria Vitorina da
Conceição, detentores de alguns quadros (medida usada na época, um pouco maior
que 1 hectare) de terra naquela região. Devido a alguns acontecimentos na
década de 1940 (assassinato de um dos irmãos e suicídio de outro) que deixaram
a família bastante abalada, se sobrepunha, o problema do esgotamento das terras
para a prática da agricultura, isso fez com que Sebastião Macário das Neves,
buscasse novas alternativas para melhorar a sobrevivência da sua família.
Após receber algumas informações de
alguns amigos, que na região de Buíque existiam muitas terras ainda em
condições naturais, com muitas matas e terra boa para agricultura, tanto para o
plantio de milho e feijão, quanto para o cultivo da mandioca. Isso, o deixou
bem animado para conhecer esse lugar, pois as terras eram bem parecidas com as
existentes na região de Lajedo e Canhotinho e estavam quase que totalmente
intocadas. Sebastião Macário das Neves, por ser um dos irmãos, que possuía mais
condições financeiras, resolveu visitar as terras da vila de Santa Clara e no
ano de 1947, seguiu viagem junto com seu irmão João Macário das Neves, montados
em lombos de burros, fazendo um trajeto que saía de Lajedo, passando por São
Bento, Pesqueira e seguiram viajem pegando atalhos por caminhos alternativos
que passavam em Pedra de Buíque, São Domingos, Buíque e finalmente Santa Clara,
onde apalavraram as terras de um sítio pertencente a um senhor Chamado João Simão, que tinha um morador
chamado Manoel Logrador, daí surgiria a nomenclatura do Sítio que passaria a se
chamar Logradouro.
Sebastião Macário das Neves, foi um
homem muito trabalhador, plantava muitos quadros de terra e todo o trabalho era
feito de forma manual pelos batalhões de trabalhadores que ele contratava.
Segundo relatos de familiares e trabalhadores que viveram nesse período, ele
convidava, quinze ou vinte trabalhadores e chegavam oitenta ou noventa, todos
vinham só para ajudar mesmo, pois sabiam que tinha comida com fartura e no
final do dia podiam levar muita coisa para casa. Eles contam que era um
trabalho muito animado, todo mundo limpando mato e cantando. Quando chegava a
hora do almoço, as mulheres tocavam um búzio de concha do mar, este, fazia um
barulho alto que todos ouviam, mesmo estando a longas distâncias. E foi assim
durante os onze anos em que Sebastião Macário das Neves viveu nessas terras, até
sua morte em 1959, aos 61 anos por causa de uma incontinência urinária.
Atualmente, as duas casas ainda existem no local e servem de moradia para a família de Luiz Sebastião dos Santos (tio Luiz Macário) (casa da direita) e de Rogaciano Sebastião dos Santos (tio Roga) (casa da esquerda), ambos filhos de Sebastião Macário das Neves.
Hoje nós, netos, bisnetos, sobrinhos
primos e demais familiares, que moramos em sua grande maioria nos sítios
Logradouro, Saguim e localidades próximas (Anastácio, Cafundó, Pau Ferrinho,
Barro Branco, Baiãozinho, Serra e Tupanatinga), continuamos preservando e tentando
reconstituir a memória e trajetória de lutas da família Macário, desde os
tempos da migração de Lajedo e Canhotinho para Tupanatinga, até os dias atuais,
tendo a igreja do Sítio Logradouro como principal patrimônio material e
imaterial da nossa família.
Autor: Valderí Macário dos Santos