Filho
de Pecuaristas tradicionais e conhecido na região, Herivelto, vinte e sete
anos, é um desses jovens que ama o campo e busca inovar ao invés de abandonar a
vida rural. Para o jovem pecuarista, a introdução de tecnologia e adaptação às
novas tendências e uma cultura que mais se adapte à região são fatores
indispensáveis para o homem do campo.
“
Encontrei na ovinocultura uma oportunidade de diversificar a produção com a
raça de ovinos dope de origem africana, tendo em suas principais
características a boa adaptação ao clima da região com um ganho de peso bem
superior a outras raças e precocidade na reprodução. Com isso busco desenvolver
gradativamente o interesse dos criadores do nosso município pela ovinocultura
que de certa forma agrega um desenvolvimento genético do rebanho de ovinos”,
comentou o jovem Erivelto Julião.
Segundo
o coordenador e extensionista do IPA, João Santana, a criação de caprinocultura
e ovinocultura é uma alternativa viável para uma região de baixa capacidade
hídrica como a nossa do semiárido nordestino:
“Vejo
como a principal alternativa, pois são espécies que demandam de baixa estrutura
hídrica, menos espaços, rápidas produtividades, menos consumo de alimento. O
que não tem mais condições e insistir na criação de gado de leite numa região
com grave déficit hídrico, vegetação nativa pobre em nutrientes”, comentou o
coordenador do IPA.
A
presidenta da Associação dos agricultores do Sitio Grito, Claudia Modesto,
jovem e defensora das causas do campo, abraça a ideia de inovação com a cultura
de caprinocultura e tem intensificado a ideia com capacitação, palestras e
debate em rádio, associações, buscando o máximo de orientação para o produtor
rural na região.
“A
caprinocultura leiteira está sendo uma das alternativas mais eficazes para o
aumento da renda de pequenos produtores na agricultura familiar, principalmente
na nossa região semiárida, onde ela é mais desenvolvida. Tem sido uma luta
diária dos produtores e produtoras manter e divulgar, para que realmente, de
fato, essa atividade cresça em nosso município, pois falta apoio do governo. No
momento estamos fortalecendo o Fórum da Caprinocultura leiteira de Pernambuco
Francisco Perazzo, com debates na busca de alternativas para o crescimento e
desenvolvimento desta atividade nos nossos territórios. Outra agenda está relacionada
ao beneficiamento e comercialização, bem como a valorização e consumo do leite
in natura para a promoção da segurança alimentar e nutricional”, comentou
Claudia Modesto.
Zé de
Dorinha produtor rural e membro da Associação de agricultores do Sitio Grito e
criador de cabras, reclama da falta de apoio governamental para que a
caprinocultura e ovinocultura tenham total viabilidade.
Em seu
comentário sobre este tema, o médico Veterinário, Danilo Soares, traz algumas
informações sobre o que dificulta o desenvolvimento dessa cultura tão
característica e promissora na região.
Para
Danilo é “Um setor do agronegócio muito promissor, acessível e rentável para os
pequenos produtores do semiárido, mas que infelizmente ainda não se tem a
devida atenção e incentivo. Ter o produto e não ter escoamento da produção é um
dos gargalos onde o governo tem que se fazer presente com o máximo de
participação no setor. Alguns programas como PAA, por exemplo, ajudam bastante
nisso, mas ao mesmo tempo precisa-se de parcerias, corpo técnico e uma
legislação nos municípios que viabilizem para se fazer funcionar e
desburocratizar todo o processo. Sem efetivo de profissionais de ATER, sem
escritórios funcionais, sem adequação da legislação e sem incentivo e crédito,
a atividade acaba ficando inacessível para os pequenos”.
A seca
do nordeste brasileiro é uma realidade climática que o sertanejo não tem como
mudar. Procurar alternativas que se adapte a região e possa garantir produtividade
e renda é o caminho. No começo as dificuldades são barreiras quase
intransponíveis, mas a necessidade irá
impulsionar as mudanças.