Portal Tupanatinga: BACIA LEITEIRA DE TUPANATINGA ENTRA EM COLAPSO

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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

BACIA LEITEIRA DE TUPANATINGA ENTRA EM COLAPSO

UMA PARTE DO GADO MORREU; OUTRA LEVARAM EMBORA, E A  QUE  RESTA   NÃO   RESISTIRÁ  TANTO


Tupanatinga faz parte da bacia leiteira do Agreste Meridional, a qual representa 85% da produção de leite do Estado.

 Tradicionalmente as cidades de Venturosa, Pedra, Buíque, Itaíba e Águas Belas se destacam na produção de leite. Tupanatinga se incluiu no rol destas cidades nos últimos anos, e vinha aumentando significativamente a sua produção de leite, fortalecendo a economia de todo o município.

A renda gerada pela produção de leite tornou-se fator relevante na economia da cidade, contribuindo de forma significativa com as atividades comerciais da cidade. A feira livre e a feira de gado, por exemplo, era uma das principais da região. Com a atual seca diminuiu em 70% a produção de leite, e os reflexos desta crise é sentida no comércio que perdeu, temporariamente, seu dinamismo.
 
Em visita ao Sitio São Felix, umas das principais regiões produtores de Leite e também umas das mais atingidas pela seca, o JCC conversou com os pecuaristas Sr. Edimilson, Jose Antônio e os Irmãos Chico, Deca e Fernando Julião. O JCC presenciou o drama de uma região antes tão rica e próspera, a qual, hoje, encontra-se com a cadeia produtiva esfacelada, a fábrica de queijo desativada e o prédio onde funcionava a Associação de Produtores de Leite da Região fechada.

O JCC Passando pela região do Carié, lá não encontrou nem uma história para contar, somente a desertificação e o sol ardente tomando conta do espaço e do tempo.

No distrito de Boqueirão, constata-se uma extrema desolação com a situação do maior e único açude, que após cinco a seis décadas de sua construção pelo então Cel. José Emílio de Melo, encontra-se totalmente seco e com chão rachado, com somente uma poça de água barrenta, onde animais e humanos tentam dela tirar suas últimas gotas d’água.

No sítio são Félix o JCC entrevistou o pecuarista Sr.ª Jose Antônio, pequeno criador de gado, desesperado e sem expectativa de melhoria, comentou:” A produção de leite caiu mais de 70%. O Gado fraco não produz porque não tem o que comer. O leite aqui é o meio de renda do agricultor”. Sobre a expectativa de melhora, o senhor JOSÉ ANTONIO responde um tanto arredio:” Só Deus tem piedade da gente... Ou se os políticos, meu filho, reconhecer nosso sofrimento e agilizar as obras da irrigação do São Francisco. Porque com água agente plantava um capim, fazia uma plantação de milho, fazia uma silagem. Ai agente mantinha o gado com uma base bem melhor”.

O “pecuarista Chico Julião disse ao JCC que há cinquenta anos não se presenciava uma seca dessas, e concluiu com tristeza:” A bacia leiteira está com 30% do gado. Uma parte morreu outra foi para Alagoas e o Maranhão. Em outras épocas mesmo com estiagens ainda se tinha um pouco de água...”.
        
Chico Juliao comentou sobre a falta de prepara dos produtores da região em relação ao estado vizinho, Alagoas: “Os alagoanos se prepararam mais, plantaram mais palmas, fizeram mais reservas de água”.

 Deca de Julião, proprietário da região confirma também a perca total do rebanho: ““ Aqui nossa bacia leiteira já caiu mais de 70% e acho que tem canto que já caiu ainda mais e o gado acabou. A maioria já foi levada para o estado de Alagoas.  Somente nessa semana já saiu daqui  dois caminhão carregado todo de vaca. O gado que não morreu de fome foi levado embora. “Este gado que foi não retorna porque o fazendeiro quebrou”.
Concluindo, o fazendeiro relatou a dificuldade de quem teima em ficar com o gado: “Nesse estante, acabou de descarregar um caminhão de palma, vindo das Alagoas por R$ 800,00 e um de bagaço de cana por R$ 1.000,00. Esta ficando caro e dificultoso pra nós estarmos indo buscar tudo lá fora pra sustentar o rebanho, mas muitos não estão podendo mais. Aí é obrigado mesmo a ver a metade do gado morrer na porta, no curral, todo canto. Já vendi uma parte do gado essa semana pra sustentar a outra...”.
       
Para Fernando Julião, a situação do homem do campo é muito boa, e a produção é rentável quando em época de chuva ou fora destes períodos de seca. O sertanejo sente-se até fortalecido, mas é uma vergonha e uma humilhação quando chega ao período de estiagem.
Segundo seu Fernando, os recursos são burocráticos, poucos e demorados e a fome e a seca não esperam.
“Para finalizar o encontro, o Sr. Edimilson, pecuarista e líder da comunidade, sintetizou a realidade atual do homem do campo:” A situação do produtor hoje é assim: endividamento no armazém, sem crédito no Banco, sem dinheiro, sem água, sem palma, sem gado, sitio abandonado, gado de graça, gente indo embora, outros com depressão, etc., mas com muita fé no coração... ê boi, ê gado...sertão abandonado, vida de gado, ê boi... .(cantarolando para não chorar).










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