Alexandre
Miguel de Lima (90 anos) e Adalva da Fonseca Miguel de Lima (90 anos), naturais
de Tupanatinga, nasceram e cresceram no sítio Baixa Funda, onde os mesmos são
filhos de casais de quatro irmãos (primos carnais). Ainda jovens começaram a
namorar e depois de um certo tempo resolveram casar e, hoje, estão com 69 anos
de vida matrimonial. Tiveram 21 filhos, mas apenas 4 sobreviveram que são eles:
Fátima, Adão, Eva e Aparecida.
Moraram muito tempo no sítio Baixa Funda onde sobreviviam da agricultura. Anos depois resolveram morar na conhecida “Vila de Santa Clara” (naquela época) distrito de Buíque, anos depois passou à cidade denominada Tupanatinga. Faz exatamente 60 anos que residem na mesma cidade. Logo quando chegaram à Vila Santa Clara colocaram uma pequena “bodega”, mas sem deixar o cultivo da roça. Na época da plantação e da colheita quando ocupados colocavam trabalhadores. Dona Adalva, além dos afazeres de casa, cuidava dos filhos, ajudava na bodega, costurava roupas, cobria e pregava botões para ajudar nas despesas de lar. Sempre foi uma mulher trabalhadora, determinada, carinhosa, cheia de fé, cuidadosa e sempre disse que seus filhos são o maior tesouro que Deus lhe concedeu. E assim foram levando a vida para sobreviver em família com a graça de Deus.
Depois
que o Vilarejo passou à cidade, Seu Alexandre resolveu entrar na política.
Exerceu o cargo de vereador por quatro mandatos consecutivos nos governos:
Jaime Galvão (1965 – 1969), Lourenço Alves de Souza (1970 – 1972), Jaime de
Melo Galvão, 2º mandato (1973 -1976), Artur Flor de Souza (1977 – 1982), como
também foi presidente da Câmara Municipal. Na época os vereadores não recebiam
nenhuma remuneração e o que faziam era de forma voluntária. Sempre estavam à
disposição para ajudar pessoas da comunidade. Muitas vezes, em seu velho JIPE
verde, levava mulheres para terem seus bebês em Buíque, que nem sempre chegavam
a tempo e assim o parto acontecia em seu JIPE.
O
Sr. Alexandre e a Sra. Adalva sempre recordam a vida difícil que viveram, pois eram
pobres, trabalhando de aluguel e moravam em uma casa de taipa. Na época
as coisas não eram fáceis nem de fartura como no hoje em dia e tudo era pouco e
limitado. O casal trabalhou incansavelmente para não faltar o essencial em casa
(comida) para o sustento da família. Como de costume toda sexta-feira vinham à
feira e acrescentavam bolacha e pão às compras, que para os filhos era novidade,
pois não tinham esses alimentos todos os dias. Eles deixavam a bolacha e o pão
para os filhos e comiam qualquer coisa. Quando vinha à cidade, todos tiravam
seus calçados e vinham descalços para assim não os estragar. O mesmo acontecia
ao voltar para casa, visto que as condições eram poucas. Quando passaram a
morar na cidade as condições financeiras melhoraram devido o comércio que ainda
é sua base de sustento, e assim com o pouco que tinham passaram a ter uma vida
melhor. Não tinham alto grau de escolaridade, só estudaram até a 2ª série,
mesmo assim tiveram sabedoria para educar filhos, fazendo com que o respeito, a
disciplina e obediência reinasse em sua casa e “ai de quem os desobedecessem”.
Quando não gostavam de alguma ação feita por um dos filhos, só olhava e esse
olhar já dizia tudo.
Em
2014, a Sra. Adalva passou a sentir sintomas que para a sua idade (84 anos) não
eram normais (voltou a ‘sangrar’). Exames foram feitos e foi diagnosticada com
CA maligno no colo do útero, deixando toda a família triste e preocupada em
silêncio e sem palavras diante do que estava acontecendo, pois não queria dar
essa notícia a ela. As providências foram tomadas. Foi encaminhada ao Hospital
Santo Amaro em Recife e assim iniciou-se o tratamento. Em consulta com o
médico, ele falou que ela estava com câncer, paralisada e pensativa respondeu a
ele, “Que seja feita a vontade de Deus”. Chegando em casa a ficha caiu e
começou a derramar lágrimas preocupada. Foi um momento difícil para todos,
principalmente para seu esposo Alexandre ao saber que ela teria que passar dias
distante de casa para cuidar de sua saúde. Após a ida dela a Recife, os dias
dele ficaram sem graça e a tristeza invadiu seu coração fazendo com que
derramasse lágrimas. Mas para aliviar seu sofrimento, os filhos resolveram levá-lo
a Recife para que ficasse próximo de sua amada. No entanto não aguentou o clima
muito quente e pediu para voltar para casa e passou a aguardar ansiosamente sua
vinda. Nos finais de semana o sorriso e a felicidade chegavam a transbordar em
seu rosto quando falava, “Dalva vai chegar!”
Adalva
sempre foi uma mulher que todos os dias fazia suas orações e a partir de todo o
acontecido suas orações duplicaram. Foi um tratamento demorado (radioterapia e
braquiterapia), mas com toda sua fé foi curada e a felicidade invadiu os corações
de todos ao seu redor.
Os
anos se passaram, os filhos ficaram adultos, constituíram suas famílias e deram
continuidade aos ensinamentos de Seu Alexandre e D. Adalva. A família cresceu,
e com a graça de Deus eles têm dez netos e seis bisnetos os quais amam muito.
Alguns já formados e trabalhando, e outros ainda estudando.
O
Sr. Alexandre e D. Adalva, nos mostram a partir deste texto que a vida não é
feita sempre de flores, e que jamais devemos nos desesperar, pois acima de tudo
erguer a cabeça e enfrentar os obstáculos com fé e perseverança para vencer as
batalhas que a vida nos impõe, ensinando com seu exemplo aos filhos e netos o
valor da honestidade que deve prevalecer sempre em qualquer situação.
Fotos e Texto : Eva Fonseca (Filha do Casal)
publicação: Jornal Portal de Tupanatinga edição VII jan/Fev 2021
Muito bom esse material, é interessante contar histórias da nossa gente de Tupanatinga. Meus parabéns e que Jesus abençoe 🙏🏼
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