Ainda temos muito o que “caminhar” para desconstruir certas mentalidades que manipulam a sociedade produzindo uma “vitrine de igualdades”, a qual está distante de uma realidade verdadeiramente humana e justa independentemente da origem étnica de cada um que compõe o todo da sociedade!
Elton Machado de Melo Historiador e Jornalista |
No dia 20 de novembro rememoramos o Dia
Nacional da Consciência Negra, cujo objetivo deveria e deve ser um “momento” de
reflexão sobre um dos períodos mais graves e dolorosos da história do Brasil,
onde aproximadamente 13 milhões de africanos foram trazidos pelos navios
negreiros e tornados escravos, passando por humilhações, sendo torturados e
mortos dentro da dinâmica de exploração colonial brasileira, fato que perdurou
até o Segundo Reinado (1840 – 1889). No dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel,
filha do imperador Pedro II, assinou a Lei Áurea oficializando o fim da
escravidão, a qual já agonizava face às pressões dos ingleses (interessados em
ampliar seu mercado consumidor dos produtos industriais britânicos) e dos
movimentos abolicionistas que atuavam dentro do território brasileiro.
Se passaram 131 anos do fim da escravidão
negra oficial, contudo, as mazelas sociais que oprimem os afrodescendentes,
ainda hoje, se mantêm de forma violenta, seja explícita, ou silenciosa. E para
ilustrar o que está sendo dito aqui, citamos com profundo repúdio e indignação
o ato do deputado coronel Tadeu do PSL – SP (membro da bancada da bala), que quebrou uma placa que denunciava a
morte de jovens negros por um agente da polícia militar através de uma charge
feita pelo cartunista Latuff, exposta no salão da Câmara de Deputados, em
Brasília, no dia 19 de novembro.
Atos como esse, e principalmente partindo de
um membro do Legislativo Federal, o qual deveria ser o primeiro a lutar contra
todo tipo de violência, nos leva a questionar sobre a forma como os direitos
sociais e humanos são preservados e quais os grupos sociais que de fato os têm
garantidos. O Dia nacional da Consciência Negra nos traz à memória Zumbi, o
grande líder de Palmares, o qual morreu resistindo. Não muito diferente,
centenas de “Zumbis”, homens e mulheres, resistem diante de tanta discriminação
social, cultural, econômica, sexual, ideológica e de cor. Mesmo com a presença
de tantos homens e mulheres, negros e negras, nos diversos meios sociais, a
discriminação e o racismo não foram extintos das mentes e dos coração daqueles
e daquelas que ainda se “acham” “melhores e superiores” mantendo e perpetuando
um “darwinismo social”, ou se preferir um “apartheid étnico – social”, o qual
mutila vidas e futuros brilhantes de um grupo social, culturalmente
diversificado, que ainda é “visto” “de lado” e “jogado” nos “porões” do descaso
social e da impunidade, quando as vítimas são negros e negras e os algozes “as
gentes da casa – grande”, que manda seus “capatazes” executarem o serviço em
nome da dinâmica capitalista burguesa neorracista.
Ainda temos muito o que “caminhar” para
desconstruir certas mentalidades que manipulam a sociedade produzindo uma
“vitrine de igualdades”, a qual está distante de uma realidade verdadeiramente
humana e justa independentemente da origem étnica de cada um que compõe o todo
da sociedade!
Salve 20 de novembro, salve Zumbi dos Palmares e seus
herdeiros da luta e do compromisso histórico com a transformação .Material extraída do Jornal Portal de Tupanatinga V Edição. Jan/2020
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