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quarta-feira, 3 de junho de 2020

“NOSSA” CONSCIÊNCIA NEGRA!



Ainda temos muito o que “caminhar” para desconstruir certas mentalidades que manipulam a sociedade produzindo uma “vitrine de igualdades”, a qual está distante de uma realidade verdadeiramente humana e justa independentemente da origem étnica de cada um que compõe o todo da sociedade!


Elton Machado de  Melo
Historiador e Jornalista

No dia 20 de novembro rememoramos o Dia Nacional da Consciência Negra, cujo objetivo deveria e deve ser um “momento” de reflexão sobre um dos períodos mais graves e dolorosos da história do Brasil, onde aproximadamente 13 milhões de africanos foram trazidos pelos navios negreiros e tornados escravos, passando por humilhações, sendo torturados e mortos dentro da dinâmica de exploração colonial brasileira, fato que perdurou até o Segundo Reinado (1840 – 1889). No dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel, filha do imperador Pedro II, assinou a Lei Áurea oficializando o fim da escravidão, a qual já agonizava face às pressões dos ingleses (interessados em ampliar seu mercado consumidor dos produtos industriais britânicos) e dos movimentos abolicionistas que atuavam dentro do território brasileiro.
Se passaram 131 anos do fim da escravidão negra oficial, contudo, as mazelas sociais que oprimem os afrodescendentes, ainda hoje, se mantêm de forma violenta, seja explícita, ou silenciosa. E para ilustrar o que está sendo dito aqui, citamos com profundo repúdio e indignação o ato do deputado coronel Tadeu do PSL – SP (membro da bancada da bala), que quebrou uma placa que denunciava a morte de jovens negros por um agente da polícia militar através de uma charge feita pelo cartunista Latuff, exposta no salão da Câmara de Deputados, em Brasília, no dia 19 de novembro.
Atos como esse, e principalmente partindo de um membro do Legislativo Federal, o qual deveria ser o primeiro a lutar contra todo tipo de violência, nos leva a questionar sobre a forma como os direitos sociais e humanos são preservados e quais os grupos sociais que de fato os têm garantidos. O Dia nacional da Consciência Negra nos traz à memória Zumbi, o grande líder de Palmares, o qual morreu resistindo. Não muito diferente, centenas de “Zumbis”, homens e mulheres, resistem diante de tanta discriminação social, cultural, econômica, sexual, ideológica e de cor. Mesmo com a presença de tantos homens e mulheres, negros e negras, nos diversos meios sociais, a discriminação e o racismo não foram extintos das mentes e dos coração daqueles e daquelas que ainda se “acham” “melhores e superiores” mantendo e perpetuando um “darwinismo social”, ou se preferir um “apartheid étnico – social”, o qual mutila vidas e futuros brilhantes de um grupo social, culturalmente diversificado, que ainda é “visto” “de lado” e “jogado” nos “porões” do descaso social e da impunidade, quando as vítimas são negros e negras e os algozes “as gentes da casa – grande”, que manda seus “capatazes” executarem o serviço em nome da dinâmica capitalista burguesa neorracista.
Ainda temos muito o que “caminhar” para desconstruir certas mentalidades que manipulam a sociedade produzindo uma “vitrine de igualdades”, a qual está distante de uma realidade verdadeiramente humana e justa independentemente da origem étnica de cada um que compõe o todo da sociedade!
Salve 20 de novembro, salve Zumbi dos Palmares e seus herdeiros da luta e do compromisso histórico com a transformação .

Material extraída do Jornal Portal de Tupanatinga V Edição. Jan/2020 

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