SEJA FELIZ E LUTE PELA FELICIDADE COLETIVA DA SUA CIDADE.
Todos falam do
amor que tem pela sua Cidade: “Este é o meu lugar, meu pezinho de serra, etc. Mas o que vemos na pratica é um verdadeiro
abandono. As pessoas estão vivendo cada vez mais do egoísmo e pensando cada vez
mais em seus interesses pessoais.
A Cidade é sem dúvida o espaço de se viver em
paz e em harmonia juntos com a família, parentes e amigos vivenciando total felicidade . Mas
fatores como inveja, sentimento de exclusão, angustia e o egoismo trazem outros males como a falsidade, baixa da auto estima, insegurança, covardia e desconfiança mútuas.
A Cidade por
tanto deixa de ser o paraíso da felicidade coletiva e tornar-se o palco de duelos e brigas das diferenças. A
Cidade então torna-se o cartão postal do abandono: Ruas e praças
vazias, sujas, escuras. Ausência da população nas principais questões da Cidade,
comunidade dividida, mundo sem rumo, oportunismo aumentando enquanto que a
comunidade cada vez mais se retraindo.
A infelicidade
aos poucos vai se apoderando das pessoas
como uma epidemia. A violência se propagando e a pacata Cidade perdendo a paz e
deixando para trás o sonho de uma Cidade Feliz e amada. Para a psicóloga , Denise
Villarinho para se feliz e necessário viver sem máscara. E em sua tese o Psicólogo
Francisco da Silva Cavalcante Junior aponta o desenvolvimento pleno da
capacidade de viver uma vida sem defesas, sem medos e sem os bloqueios do
dia-a-dia essenciais à felicidade. "É preciso permitir-se sentir",
diz
Cavalcante
Junior - Quando falamos em
política, nos referimos à polis que nos remete à comunidade, ao povo, então
estamos falando de uma felicidade coletiva. E para se viver uma felicidade
coletiva é preciso, inicialmente, viver a individual, que consiste na liberdade
que o ser humano precisa ter para tornar-se quem realmente é. Isso significa
viver sem máscaras, plenamente a pessoa que ela é e a natureza que ela traz
dentro de si. E nisso, me remeto aos existencialistas, que concebem a vida como
uma singularidade, onde cada um é singular em sua natureza e precisa tornar-se
quem ele é.
— E quando isso vai
acontecer, ou seja, o ser humano vai conseguir viver sem máscaras?
Cavalcante
Junior - No momento em que
tivermos uma sociedade tolerante às diferenças, que autoriza o outro a ser quem
ele é sem imprimir julgamento de bom ou ruim, aceitável, inaceitável, aí, sim,
teremos pessoas felizes, porque elas se tornaram o que elas desejavam ser. E para dar sustentação a essa felicidade
coletiva precisamos ter um governo ético, que cultive as leis da vida boa e
promova o bem-estar. Dessa forma, teremos uma população moral que segue as
regras e as normas para uma boa convivência social, além da valorização da
nossa cultura. Respeitaremos e preservaremos a natureza e o ecossistema que nos
rodeia e priorizaremos a democracia como uma forma de governo plural,
garantindo o acesso ao desenvolvimento social de todos os seus cidadãos.
— Esse projeto de
felicidade começaria pela própria relação do povo com a cidade, com o trabalho.
No entanto, observa-se que o poder público não oferece condições para manter a
paz social, nesse caso fica mais difícil ser feliz numa sociedade marcada pelo
medo, pela violência e injustiças sociais?
Cavalcante Junior - A violência
é uma linguagem. No momento atual que estamos vivendo no Brasil, ela deseja
significar uma crise extrema que atingimos de convivência social. Penso que
estamos num momento oportuno, ao falar de felicidade estamos criando uma
esperança de transformação deste mundo, não através de uma esperança vã, mas
sim da criação de um novo verbo, o esperançar, como Paulo Freire nos ensinou,
significa agir para a transformação social do mundo.
— Existem alguns sinais
de que esse quadro está mudando? Poderia citar algum exemplo?
Cavalcante Junior - Temos visto que veículos de comunicação de
massa optaram pela veiculação da felicidade. A CNN tem programas dedicados às
notícias felizes. Na Inglaterra, existe um veículo chamado "Happy
News" e, no Brasil, a revista "Trip", de São Paulo se dedicam a
temática da felicidade. Precisamos mostrar que existe felicidade neste mundo
cruel.
— E existe um modelo de
felicidade ou cada sociedade constrói o seu através dos seus próprios valores?
Cavalcante Junior - Existe um modelo padrão para o ser humano que
significa possibilitar que ele viva plenamente a sua vida. Se garantirmos isso,
iremos construir pessoas potencialmente capacitadas para viver felizes. Mas não
basta a potencialização individual, precisamos de uma sustentação social, de um
governo comprometido com a felicidade
coletiva.
— O senhor poderia
citar exemplos concretos de que essa realidade está mudando?
Cavalcante Junior - Países como a Austrália, Canadá e Nova
Zelândia, liderados Butão um pequeno país asiático, estão propondo um novo
índice de medição do desenvolvimento de uma nação, chamado Felicidade Interna
Bruta (FIB) substituindo o Produto Interno Bruto (PIB).
— Como esses países
chegaram a essa conclusão?
Cavalcante Junior - Pesquisadores desses países viram que não é a
capacidade financeira de um país que gera a felicidade e, sim, valores
subjetivos como relação familiar, vivência de uma vida serena, em paz, e a
capacidade de ter uma boa saúde. São condições subjetivas que norteiam a
felicidade de um povo.
— O conceito de
felicidade mudou através dos séculos? O que era felicidade, por exemplo, para o
homem da idade antiga é diferente para o moderno?
Cavalcante Junior - A felicidade é um conceito dúbio, porém na sua
essência e na sua etimologia, não mudou. A
sociedade capitalista criou um novo conceito, o de bem-estar, que muitos
utilizam como sendo o mesmo que felicidade, o que não é verdade. Quando
falamos em bem-estar, nos remetemos a prazer, uma consequência do desejo
humano, quanto mais se tem, mas se quer ter. A felicidade não se busca, é
contínua, você não precisa de mais quando a tem. Por isso, precisamos
diferenciar, felicidade não é a mesma coisa de bem-estar. O que estamos vivendo
agora é a sociedade do bem-estar.
— Então, as sociedades modernas trouxeram um novo conceito de felicidade.
Qual?
Cavalcante
Junior - Sim, o de prazer como sinônimo de
felicidade..
— Quais as possibilidades reais de ser feliz?
Cavalcante
Junior - Em primeiro lugar, desenvolver plenamente as suas
capacidades humanas de viver uma vida sem defesas, sem medos, sem os bloqueios
do dia-a-dia e permitir-se sentir. Em segundo, adquirir ou readquirir os olhos
inocentes de criança que um dia tivemos e, hoje, perdemos. Isso significa:
viver uma vida sem julgamentos, mas tentar contribuir para uma vida ética, um
bem viver. E para viver bem com o outro, preciso ser tolerante às diferenças.
— É possível construir uma cultura de felicidade universal ou ela muda de
um lugar para outro, de um povo para outro. Ou seja, quanto mais civilizada uma
sociedade maior é o seu mal-estar ou grau de insatisfação?
Cavalcante
Junior — Tanto é possível que esse trabalho que desenvolvo,
hoje, num cantinho do Brasil, no Ceará, tenho colegas no Butão, na Ásia, também
desenvolvendo, assim como, colegas na Austrália, no Canadá, na Venezuela e Nova
Zelândia. Em diversas partes do mundo existe um grupo de pesquisa e de
aplicação de uma felicidade coletiva e felicidade interna bruta comprometidas
para o desenvolvimento de suas nações. O desejo de felicidade é
universal, mas precisa de ações, como isso que estamos fazendo na Unifor, que
precisa ser ampliada para outros grupos, como governo do Estado, prefeitura
Municipal, governo Federal e outras pessoas no Brasil que se comprometam com a
promoção de uma felicidade coletiva. É o mesmo que a Organização Mundial da
Saúde (OMS) vem fazendo com a promoção da saúde coletiva.
— Mas as pessoas vivem um momento de
mal-estar generalizado com depressão, angústia. O senhor concorda?
Cavalcante
Junior — Não. Porque estamos divulgando o negativo, as
doenças da vida. Os jornais
deveriam dedicar páginas às notícias de fatos positivos.
Se construirmos uma sociedade centrada na felicidade
coletiva, vamos reduzir o sofrimento da humanidade que se vê escravizada com os
mal-estares, as doenças.
Eles não vão deixar de existir, o sofrimento
faz parte da vida, mas serão reduzidos
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