por Vanusa Lima
Estava buscando inspiração para escrever um texto quando de repente vi uma reportagem sobre a Madre Teresa de Calcutá, hoje, Santa Teresa de Calcutá. Fiquei encantada não apenas pela pessoa que ela foi, mas, com o seu legado que perdura por quase duas décadas após sua morte.
Mas, o que pode chamar tanto a atenção de
alguém assim? O que a Madre, hoje Santa, fez de tão especial para merecer uma
reflexão a respeito? Bem, eu explico. Gostaria que essa não fosse uma exceção
da humanidade, mas, pelo o que vemos diariamente, principalmente nos
telejornais, torna-se cada vez mais certo que a nossa humanidade se distancia
do que poderíamos chamar de humanismo.
As pessoas estão perdendo o respeito umas pelas
outras, e não basta ser um desconhecido. Sim, porque antes a nossa desculpa
para ignorar o próximo era “Não o conheço” “Não sei se é confiável” “É um
estranho”. Verdade seja dita, isso não passa de murmúrios de quem quer se
esconder atrás de desculpas mesquinhas.
Acaso a Madre ignorou os pobres e desconhecidos
que a ela buscavam? Não, pelo contrário. Não foram eles a procurarem pela
Madre, e sim, ela que os procurou. Uma freira singela, de estatura baixa, corpo
franzino e rosto carregado de hibridismo sentimental, onde as perturbações
mundanas contrastavam diariamente com a sua devoção ao seu Cristo Senhor e a
sua crença ao próximo.
Quando fora para as Índias, tinha uma missão:
dar aulas para meninas ricas. Mas, isso a incomodava e ela sentia que não
estava no lugar certo, que algo precisava ser feito e não era ali, junto daquelas
garotas que desfrutavam de uma vida cheia de luxo e conforto. Então, certo dia,
durante uma viagem de trem, ela ouviu uma clemência e entendeu como sendo a voz
de Deus falando consigo: “tenho sede”, foi o que ela escutou.
Não tardou, e aquela freira, tão pequenina em
tamanho, entretanto de uma gigantesca sabedoria e bondade, aportou na cidade de
Calcutá, e, num dos bairros mais pobres da cidade, em meio às vielas sujas e
rodeadas por animais soltos, e lixo por todos os lados, convenceu os pais de
algumas crianças de que elas precisavam estudar, e ali mesmo, no meio da rua,
onde o céu era o teto e o chão era o quadro negro, ensinou geografia e inglês.
E foi com esse desejo por uma humanidade melhor
que vi naquela mulher, um exemplo de humanismo, de carinho e respeito ao
próximo. Que bom seria se praticássemos um terço do que ela ensinou e praticou.
Mas ao contrário disso, o que vemos são pessoas cada vez mais longes umas das
outras, seres humanos vivendo em “mundos fechados”, insociáveis,
incomunicáveis. Onde os manifestos aparecem vez ou outra por conta de grandes
tragédias ou manifestações político-partidárias, mas a prática do “fazer o bem
sem olhar a quem”, está tornando-se escasso, não se olha mais para uma pessoa e
tenta enxergar suas qualidades, seu caráter, e sim, o quanto ela vale em
“real”. Tem dinheiro? É famoso? É rico? É influenciável? Então tudo bem, porque
são esses os valores que a humanidade está correndo atrás. É honesto? Justo?
Leal? Não se importa com fama e sim com o bem estar de teu próximo? Parabéns,
porque muito provavelmente você é uma espécie em extinção.
Mas, são essas pessoas com qualidades à beira
de um colapso “desumano” que fazem com que eu ainda acredite que o ser humano
não está perdido, e que a esperança continuará sendo a última a morrer, desta
forma, vou continuar acreditando que a Madre Teresa, hoje Santa Teresa de
Calcutá, não foi a última ser vivente que passou por nossas vidas ensinando que
amor e respeito são princípios básicos para se tratar dignamente ao nosso
próximo. E que independente das condições em que vivamos, merecemos o respeito
de todos, porque somos seres humanos e isso por si só, já é o bastante, mas
ainda assim, não nos esqueçamos de praticar o que um dia nos foi ensinado,
afinal de contas, não sabemos como estaremos no amanhã. Se hoje somos a Mao
estendida, noutro momento poderemos ser a que está recolhida e vice-versa.
Pensemos nisso antes de “não fazermos” algo pelo nosso semelhante.
Vanusa Lima
Jornalista 4760/PE
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