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quinta-feira, 11 de junho de 2020

Tempos Estranhos




                                                           
                                                                                                                                            por Edezilton
                                                                                                               

Os professores da Universidade de Harvard Steven Levitsky e Daniel Ziblatt escreveram o livro “Como as Democracias Morrem” onde cunham a ideia de que são as polarizações que matam as democracias.       


Todos os golpes no Brasil se valeram de polarizações para se concretizarem. A polarização tem inicio com o ato de eleger um inimigo imaginário ou real, não importa.  Porque não há ditadura sem um inimigo. No golpe cívico-militar de 64 o inimigo eleito foi o comunismo, no golpe de 2016 o inimigo eleito foi a corrupção.  Atualmente a ultradireita que ocupa o poder elegeu como inimigo imaginário, como em 64, o comunismo.  Cria-se uma polarização do bem contra o mal, onde a verdade é distorcida e a massa do povo pouco politizada é enganada e conduzida. A polarização inibe o pensar crítico.

Não podemos afirmar que vivemos numa ditadura, pois o governo que aí está foi eleito democraticamente, embora recorrendo a fake News, demagogia religiosa, falso moralismo, táticas do engodo, negação da história etc. Mas se fizermos uma análise das declarações e comportamentos é como se vivêssemos numa ditadura: a defesa da ideia de escola sem partido, perseguição às minorias e aos que pensam diferente que fizeram sair do país pessoas como a filosofa Márcia Tiburi, o deputado Jean Willis, e a destruição que se quer fazer do legado de Paulo Freire, etc. Ou seja, a ditadura está posta, ainda que no nível do imaginário dos pretensos ditadores.

Recentemente a Folha de São Paulo publicou um editorial que chamou de “fantasia de imperador” em que considera que o governo Jair Bolsonaro “combina leviandade e autoritarismo”. Referindo-se a Bolsonaro escreveu: “será preciso então que as regras do Estado democrático de Direito lhe sejam impingidas de fora para dentro, como os limites que se dão a uma criança”.

A polarização, nos tempos de hoje, com a redes sociais e perfis fakes se alastra com muito mais rapidez e aumenta o poder de destruição. Colabora para isso a grande mídia que forma a opinião de massa conforme interesse da elite do atraso e o poder de voto que as igrejas evangélicas mal-intencionadas têm. Ou seja, temos, no Brasil, todos os ingredientes para que o povo seja manipulado conforme os interesses do mercado e das elites.

Não há mais a necessidade dos Estados Unidos invadirem países inimigos para fazer guerra armada, sempre com objetivo de se apoderarem das reservas de petróleo como sempre fizeram. A guerra agora recebe o nome de “guerra híbrida”, a ditadura agora é eleita pelo voto popular. Na guerra híbrida se utilizam da polarização, do poder que tem a mídia de formular o pensamento das massas. Elegem para presidente o governo propício a entregar as riquezas nacionais ao capital estrangeiro.  E se precisa destruir um opositor a mídia (Rede Globo de Televisão) e parte do judiciário utilizam o “lawfare”, agem conjuntamente: a mídia destrói a reputação e a justiça condena e prende o opositor, caso de Lula.

Esses tempos estranhos representam atraso educacional pela negação da história, das ciências e destruição da autonomia dos países vítimas.  No caso do Brasil a entrega do pré-sal significa a destruição do nosso futuro, uma vez que tinha sido definido que os recursos do pré-sal seriam direcionados para educação e saúde.

Foi Nelson Rodrigues que disse “que os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos”. Esse tempo chegou.

Por Edezilton Martins

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