Portal Tupanatinga: O professor será substituído pela máquina?

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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

O professor será substituído pela máquina?




  


            Ser Professor é ser capaz de, com apenas um olhar, impulsionar o outro a sonhar e a persistir. É buscar potencial onde todos já desistiram. É estimular cada pessoa a se tornar cada dia melhor.

                              Rosário  Paulino

                               Professora

        


    Estávamos todos, cada um no “seu lugar”, e de repente todos foram obrigados a saírem das escolas, dos cinemas, das praças, dos bares, das lanchonetes, dos parques, das ruas e se trancarem em suas casas, para que pudesse ser promovido o isolamento social físico e assim diminuísse a proliferação do vírus que causa a COVID – 19. E é nesse panorama que caímos de paraquedas no ensino remoto emergencial. A tecnologia que, ainda de forma lenta, estava adentrando as escolas, agora (sem nenhuma preparação ou aviso prévio) torna-se a única ferramenta para a promoção do ensino aprendizagem. E agora muitos perguntam, e os mais ousados ou desenformados até afirmam: O professor agora será substituído pela máquina?!

    Pensarmos no papel do professor como transmissor do conhecimento, verdadeiramente nos leva a afirmar com grande ênfase sua “troca” pela máquina, pois com ela temos acessos a milhares de informações em apenas um clique. No entanto, ser professor vai muito mais além do que transmitir conhecimentos, conteúdos, informações. Ser professor, ou educador na essência da sua palavra, é ser capaz de vislumbrar um futuro promissor onde ninguém consegue enxergar. É ser capaz de, com apenas um olhar, impulsionar o outro a sonhar e a persistir. É buscar potencial onde todos já desistiram. É estimular cada pessoa a se tornar cada dia melhor.

    Pensar em substituir o professor por máquinas, é pensar em cada vez mais destruirmos as relações humanas que nos propiciam obstáculos, desafios, mas que bem orientadas, nos estimulam a sermos melhores e mais humanos. Como afirma o grande matemático Ubiratan D’Ambrósio, não se faz educação sem utopia e o objetivo primordial da educação dever ser a construção de uma sociedade ancorada na solidariedade, cooperação e respeito e se assim não for, não faz sentido uma educação para todos.

Na sala de aula, muito mais que conteúdo, também tem companheirismo, compreensão, atenção, olho no olho, ombro amigo, acolhimento, orientação, promoção do desenvolvimento de competências e habilidades cognitivas, mas, também as socioemocionais as quais corroboram para a construção de um ser humano melhor. Pois, estudante não é máquina. Professor, não é máquina. Estudante é pessoa! Professor é pessoa! E como pessoa têm sentimentos, intuição, emoção, que são dimensões não dicotômicas e que necessitam de atenção também no ato de aprender e ensinar.

    Com esse olhar, como substituir a figura daquele que muito mais que apresentar a informação faz a sua curadoria, instiga a reflexão, o debate, a criticidade, media a construção do conhecimento levando em consideração a pessoa, e corroborando com a formação humana em suas várias dimensões? A máquina fará isso? Jamais.

    Como afirma Jane Haddad: -“Só será substituído por máquinas o professor que não sabe qual é o seu propósito primeiro”. E assim, cremos que essa pandemia, o isolamento social e consequentemente o ensino remoto, não vieram para acabar com a figura do professor, mas sim fortalecer a importância desse grande profissional e a sua valiosa contribuição para a formação da pessoa humana e consequente colaboração na construção de uma sociedade mais justa.



 

 

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